José Carlos Baleiro

sábado, 30 de agosto de 2008



Ultimamente tenho suprido minhas lacunas emiéssiênicas com downloads do Zeca Baleiro. Leia-se por lacunas emiéssiênicas aquela hora que não tem-se mais assunto, ou você está off.laine por algum motivo de força maior. Dai cê vai procurar algum som aleatório pra ficá pensando em outra coisa. Nesse sentido as músicas dele são muito indicadas.
O interessante é que ele está pra mpb contemporanea como o chico buarque esteve pra daqueles tempos idos. Já transita muito tranquilamente por Fagner e Zé Ramalho, agora seus parceiros. Tem os clássicos já, Heavy metal do senhor, Telegrama, Bandeira, Flor da Pele, Mundo Cão, entre outras. E pra além disso, ele não faz o tipo gatinho. Perceba como todo compositorsinho tem um quê de algum figurinista por trás. Sex Appeal. Não, o Baleiro é judiadinho mesmo. O talento é o que faz o sucesso dele.
Outro ponto pro cara é mais que a 'sensibilidade', principalmente a sensatez, isto é, a capacidade que ele tem de não ser idiota como compositor.
É claro que todo mundo gosta muito da música dele, mas também foi sensacional a tirada que ele deu no Luciano Huck, quando este se viu indignado por ter seu Rolex roubado. Quer dizer, além de grande compositor de oclinhos coloridos, ele tem uma visão do concreto muito interessante. O artigo de resposta ao do Lucano Huck dizia que o apresentador engomadinho só atentou pra questao social depois que levaram seu relógio, que aliás deve ter rendido nada menos que uma casa nova pro assaltante azarão.
Agora o melhor do Zeca são suas músicas. Tem uns jogos de palavras muito mais elaborados que os do Teatro mágico e do Engenheiros do hawai. Pega Roda Morta: "Melhor é dar razão à quem perdoa. Melhor é dar razão à quem perdeu." Perdeu o perdão ou perdeu a razão? Aaah maláaaandro. E As meninas dos Jardins: "As meninas dos jardins gostam de rap. As meninas dos jardins gostam de happy end". Amargo: "Ainda que tarde, agora que é tarde, sempre é cedo. Ainda que tarde, agora que é noite, eu sinto meedo". Mundo dos negócios: "vamos viver do comércio barato de poemas de amor!". Cigarro: "A solidão é meu cigarro. não sei de nada e não sou de ninguém". Balada de Agosto: "No filme ou na novela, é o difarce que revela o bandido". Agora Zeca Baleiro por ele mesmo:

Quando eu nasci era um dia amarelo,
já fui pedindo chinelo
rede, café, caramelo.
o meu pai cuspiu farelo
minha mãe quis enjoar.
meu pai falou: mais um bezerro desmamido
meu Deus que será
bandido, soldado, doido varrido,
milionário, desvalido, padre ou cantor popular
nem Frank Zappa nem Jackson do pandeiro
lobo bom e mau cordeiro, mais metade que inteiro
me chamei Zeca Baleiro pra melhor me apresentar
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Saiba

sexta-feira, 22 de agosto de 2008





No dia em que eu te disser

Pra ver se eu to lá na esquina
Se eu não tiver, não liga



É que já vim te buscar.
Pra dobrar comigo

Y soy rebelde.



Quem passou a infância durante os anos 90, se acostumou a assistir Chaves e Chapolin antes do almoço, no meu caso antes de ir pra escola. O Sbt teve, quando eu era pivete, um papel um tanto quanto presente na infância das pessoas daquela minha idade, se isso foi bom ou ruim é outro papo. Tinha também a Punk, levada da breka e tal.
O Sbt teve desde sempre sua programação patrocinada pela produção from México.
Teve Carrossel, depois Chiquititas e a enxurrada de novelas com seus Carlos Daniel e Piedades, Marias do bairro, às vezes mais outras menos chorosas. Eu era bem pivete na época das Chiquititas, lembro que jogava futebol no playstation 1 quando passava a turma do orfanato. Depois disso nunca fui fiel à programação do nosso querido SS.
Dando continuidade à cultura mexicana do Sbt, tivemos mais recentemente o fenômeno RBD, sigla essa dada à abreviação do adjetivo 'Rebeldes'.
Do ponto de vista do roterista, dar uma conotação de rebeldia à novela seria muito positivo, dado que ela é direcionada ao público teen, que é historicamente 'revolucionária' no Brasil pós 68. A diferença é que nesse Anos Rebeldes mexicano, não tem tanques nem flores, mas sim minissaias, gravatas, decotes e latinos descamisados de topete. Identidade latino-americana? Como não.

Agora o Rbd acabou. Ou não.
Os Beatles, o los hermanos, acabaram também. Ninguém fez nada além de se lamentar. Não é natural?
Um conjunto musical se desfez por algum motivo, como tantos outros.
Com o Rbd não. Os fãs estão se organizando para não deixar que os integrantes, juntados a dedo por algum produtor com grande tato pro mercado, se separem, o que seria segundo eles, irremediavelmente uma tragédia.
Não diria que o Rbd é uma banda. Eles são uma instituição. Quase uma corporação. Vende na novela, no comercial, na loja de sapato, na de cd, no show do morumbi.
Tiro meu fígado esquerdo se eles não desistem da idéia, 'atendendo ao clamor dos fãs', engajadíssimos.
E dai vocês imaginam a explosão de venda dessas coisas todas.
Juventude, se tu tá de bobeira, se liga na cachoeira.

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Barba é pros esclarecidos

sábado, 16 de agosto de 2008

Semana passada senti na pele como é ser uma vítima inequívoca da pressão da sociedade. A gente sempre ouve nessas discussõezinhas de fim de aula, " é porque a pressão que a sociedade faz.. "é a própria sociedade que cobra muito.. " essas coisas assim.
Pois é, o meu problema com essa tal sociedade é por causa da meia dúzia de pêlos que resolveram brotar na minha cara da puberdade pra cá. Minha quase barba é o pomo da discórdia entre eu e meus semelhantes.
Já fazia uma semana e pouco que eu vinha cultivando ela, com carinho e dedicação. Minha mãe, que normalmente diz que meu modo de combinar roupas é meio 'parecendo mendigo', disse que não sabe como eu aguento ficar assim "parecendo doente internado no hospital de base".
Daí que eu não fazia a barba por preguiça mesmo. Não só por preguiça. Tava frio e a gilete tava meio cega, e se você nunca fez barba, acredite, se não tiver tudo ajeitadinho dói paca cete. Pois foi no domingo de manhã que a dona, implicando com a minha barba e cansada da minha suposta cara de hospital, me comprou giletes novas.
Acordo eu domingo de manhã, sonâmbulo e sob a chantagem de que agora eu não tinha mais desculpas.
Minha coroa que enche o meu saco mas é porque ela acha que eu não to apresentável pro publico, isto é, tá preocupada com o meu jeito quase esculachado de ser. Porque um fator que é socialmente construido fez ela acreditar que pessoas barbeadinhas são mais bem aceitas socialmente. Isto é, preciso pagá de aprumadinho pra que as pessoas não me olhem achando que estou com dengue.

Porque a sociedade faz isso comigo cara?!

Eu só queria não fazer a barba por mais uma semana, meu. Qual o problema em não querer se machucar com a lâmina cega de uma gilete? E se a gilete é nova, realmente a preguiça me parece mais conveniente.
Enfim, como já previa o Rousseau, a gente nasce bom mas a sociedade nos corrompe. Acontece com a minha barba. Ela nasceu cheia de vida e a sociedade de merda acabou com o seu fôlego de vida.

E às vezes nem vale a pena também.
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Ursolino.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008


Se eu tivesse depressivo eu ia colocá essa foto e escrever:

'cansei de fingir ser alguém que eu não posso ser. meu mundo anda cada vez mais artificial, e ninguém parece se importar com o que penso, e o que devo ser pra te agradar. nossa relação já não adianta mais..


Mas como eu não tô, só coloquei a foto porque gostei dela.
Bonitão o urso né
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Não quero mais ouvir falar da vida

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Continuando a série releituras, mais um dos idos 16 anos de minha adolescência. esse daí foi fruto da minha ira contra os teóricos pessimistas. pois como diria marcelo camelo "se tudo é tão ruim, por onde eu devo ir?"
confesso que em certos pontos eu to bem xiita. paciência. é o jorginho de 3 anos atrás.
só pra entender melhor o contexto histórico, o eu-lírico é joana, a dark. uma menina dark, sensata, cética com o mundo. só cria em sua própria coruja.



Estava eu hoje na aula de Literatura e meus ouvidos já estão possessos de ouvir falar da humanidade. Por que todo mundo ainda odeia a humanidade, mas acreditam no futuro? Qualquer fonte de sabedoria decente tem um lote de pessimismo e metafísica entediada, qualquer autor, químico, filósofo ou conselheiro espiritual que se preze só sabe falar de um mundo retrospectivamente negativo. “Mas que paraíso era aquele, em que não se podia comer uma maçã?” O paraíso existe sempre dentro das possibilidades de liberdade. A liberdade não existe e nunca existiu, é isso que todos os poetas mal-amados nunca perceberam. A sua liberdade não termina onde começa a do outro, ela realmente nunca começou. Afinal pra que os pensadores inúteis e inflamados querem tanto a livre expressão. Os gregos que ficaram encarregados de pensar pelo mundo inteiro, até agora não mudaram nada de orgânico com suas filosofias descartáveis. Se a família está corrompida, se homens e mulheres nunca foram amigos, se nada se cria e tudo se transforma em merda, tudo que eu preciso é pão e circo. Aliás esse Lavoisier é muito transformista pro meu gosto. Uma espécie de Drag Queen medieval. E se o Jim Morrison queria matar o pai e comer a mãe, ele é um tipo moderno de Édipo assumido. Mas precisava contar pra todo mundo? Tudo que é intelectual é retrógrado. Ninguém precisa aproveitar o dia. Viva o povo. Viva a bossa nova alienada. Ninguém precisa dizer mais nada além do que já está dizendo. Agora deixa eu ir dar comida pra minha coruja porque eu já falei bosta demais por hoje.
Você já desmascarou alguém hoje?
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Meus filhos

sábado, 2 de agosto de 2008



serão elegantes

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