Abril despedaçado.

terça-feira, 29 de abril de 2008

O mês em que o ano começou

Sempre critiquei blogs do tipo confessional que são meio diarinho, e o meu tá tendendo presse lado ultimamente. Paciência. Em breve volto a fazer piadas

Faz mó cara que eu só falo coisas chatas neste espaço.
Pois vim falar de coisas bonitas.
Postei mais um vídeo no Orkut, de uma música do Yamandu e do Hamilton de Holanda que chama ‘flor da vida’. Muito fóda a música, daqueles instrumentais mais poéticos possíveis, que faz as mina chorá. Mas o que me importa aqui é o nome Flor da Vida. Quero falar hoje sobre o lado ‘flor’ da vida. Talvez a vida de todo mundo tenha um, e quem sabe a minha também tenha. [quanta coisa bonita em um parágrafo só eim. vamos pro próximo]
Sei de um filme que chama Abril despedaçado; nunca assisti, nunca ninguém me falou dele, mas existe, já ouviu em algum lugar. Pois bem, meu 2008 começou em abril.
De um jeito muito estranho arrumei um estágio pra dar aula de gramática num cursinho pra alunos da rede pública. Tenho noção que essa é uma experiência única pra uma possível futura carreira, afinal começo dando aula pra gente da minha idade, e o inverso seria bem mais difícil. Eu sempre me divirto na aula, galera descolada, e ainda me pagam pra isso. De qualquer forma aqueles $250 é um salário e meu trabalho é um trabalho afinal. E hoje, 24/08/08, tirei uma motocicleta, ‘Intruder’. É meio que uma versão barata da Harley. Minha irmã disse que a amiga dela achou o modelo meio de véio. Melhor pra mim.
A aquisição ‘dela’ (ainda não batizei a venenosa ainda) me rendeu algumas dores de cabeça [minha relação com meu progenitor freqüentemente é perturbada pela nossa incompatibilidade de gênios]. Passada a dor de cabeça com o problema que meu pai me deu, tenho 36 suaves parcelinhas de 187 real pra pagar pelos próximos três anos. E isso é um problema. Mas vejam, minha vida começou andá [vruum vruuum]. De qualquer maneira acho que isso é um emprego e uma condução né. E já é muita coisa pra um ano que parecia não começar nunca. Minha próxima meta é conhecer a Mary Jane e convencer ela a me chamar de Pit.
Acho que aquelas galinhas pretas mortas em minha função desistiram de atazanar minha vidinha atribulada. Quem quiser dar uma volta com o motoqueiro fantasma aqui mande um e-mail pra:

jorginho.euquero.omeu@rótmeiul.com

Para as trinta primeiras inscritas, a viagem é sem destino. Aueeei!
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Ouvindo latinoamericanamente os trombones desvairados da Orquestra Imperial
Enfie na bunda seus pensamentos Yankeuropeus!

“Iara é uma garota de Cuba,
Danada pra namorar
Fugiu com um brotinho pra Aruba
Antes de vir para cá..
Levava os seus amanteees
Pras loucuras em Paquetá..
Strep teases em Puerto Rico
Nos cassinos de Trinidá.....

Ainda somos os mesmos.

sábado, 19 de abril de 2008



Esses dias, numa aula de sábado, me veio uma dessas crises que me foram muito peculiares no segundo colegial [2005]. Pra quem não me conheceu em especial ocasião, eu explico.
Tinha eu nos meus 16 anos uma tendência tipicamente adolescente que tendia justamente em negar a adolescência: a minha, e principalmente a adolescência dos outros. [Lembrem-se que o pior dos adolescentes tem mais de trinta anos, canta numa banda e é conhecido pela alcunha de Chorão.]
Como me fazia sofrer a futilidade e a superficialidade da juventude.
Eu ouvia o Cazuza dizer: “eu que tinha apenas 17 anos, baixava a cabeça pra tudo. Não era assim que as coisas aconteciam, mas era assim que eu via tudo acontecer”, e achava que eu não era como ele, claro. Não, eu não baixava a cabeça pra tudo, evidente. Nem via tudo acontecer ‘assim’. Mas sabia, ao mesmo tempo, que essa minha constatação não era verdadeira, isto é, eu queria acreditar que não era ingênuo como o Cazuza aos 17, mas sabia no fundo que eu também via ‘tudo acontecer assim’ sim. Eu reconhecia o adolescente em mim. Até na minha atitude descolada, na minha pretensão besta de autonomia, eu me sabia ingênuo. Que primor de ingenuidade. Enfim.
Era uma escola particular e a maioria dos alunos vinha de uma posição social mais confortável. Logo eles tinham certa tendência em se futilizar mais que os outros da escola pública, de onde eu tinha vindo. Isso é um ponto.
Mas o principal fator dessa minha descrença no futuro da humanidade foi o fato de ouvir incessante e incansavelmente a voz e as músicas do baiano desvairado Raul Seixas.
Sim, e Raul Seixas pra mim era deus. Ele tinha tanta coisa pra dizer, pra contestar e que pecado era gostar de CPM 22, Detonautas, sertanejo e música eletrônica quando algum dia na história da música brasileira existiu um barbudo desvairado por nome de Raul. Daí a minha implicância com meus semelhantes.
Eu era, como já puderam notar, o senhor enxaqueca numa escola de gente super alto-astral. Um ranzinza de marca maior [também não foi tanto assim, eu tinha meus momentos]. E é claro, nada é tão simples de se curar. Ainda carrego um pouco daquelas obsessões, mesmo que em menor medida. Mas eu dizia que me veio uma dessas crises esses dias atrás, e eis o que eu queria dizer desde o começo.
Essa minha ira passageira se deu diante da constatação de como as pessoas podem ser fúteis e desprezíveis sendo descoladas, se utilizando de um cigarro aceso na ponta dos dedos e de óculos escuros num sábado de manhã. [Esses canalhas quando entram no msn não se apresentam como tal. Estão sempre ‘Ausente’, ‘Ocupado’. Mentira mano. Ninguém é tão ocupado, popular e requisitado assim]
O sábado de manhã é o São Paulo Fashion Week dos óculos escuros. A classe universitária descobriu o quão charmoso é a olheira e a cara de sono por trás de um Ray Ban, importado ou não, e um cigarro aceso na mão [esquerda] completa impecavelmente esse figurino. Notem vocês a cara de holywoodiano que alguns faaquianos fazem ao dar um trago, depois cruzando a perna e apoiando o braço em cima dela, deixam o catingoso exalando a fumaça cinematográfica.
Quase um Almodóvar. Quase um filme num close pro fim.
O que define a adolescência é que, nela existem momentos em que você está feliz, mas nunca sabe. Quando a adolescência passa, você sabe exatamente quais são esses momentos. Essa semana eu ouvi de uma velhinha: “Eu era feliz. E sabiiiiia!”
Por hora, não quero mais me rebelar. Talvez eu nunca mais diga o que realmente penso, como naqueles bons tempos idos.
Acatando influências efêmeras e perpétuas

É nóis, Ubaiano

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Reação de alunos desocupados à bronca da professora às conversinhas paralelas. Segundo ela, ou a gente socializava o assunto ou ia conversar no bar do Ubaiano.


Vamos lançar o movimento socializa filho da puta!
Pra acabar com as conversinhas ‘paralelas’...

Esse movimento tem que ter ‘autonomia’

-->E ainda bem que a Verinha disse Ubaiano, porque a gente só bebe na Cida

Como diria o playboy, “é nóis, Ubaiano”!

Ubaiano é pra “elite”!

É isso aí! É nóis na Cida! DÃP!
Eu acho que ao invés de acabar com as conversinhas paralelas, deveríamos excluir a Verinha fora dessa! As conversinhas paralelas devem sim ter sua autonomia.

NEM “METE” A VERINHA NESSA, ELA VAI TE CHAMAR DE “LIBERAL”

Abaixo ao “neo-liberalismo”

Mais autonomia para a iniciativa privada
Mais verbas. Menos tanques
E tem Centro Acadêmico hoje eim moçada. Obáa

Toca Raul!
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Salve a mente criativa e desocupada dos alunos da Pedágo.

Apenas um latino-americano.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Preciso me benzer.
Mas reza braba mesmo, trabalho forte, galinha preta. Nesse meu estado chego até a pensar se não seria praga daquele meu ex-patrão.
Começou no fim do ano passado, dezembro de 2007, com o concurso da Polícia. Passei em tudo, fiz o diabo, até alergia do relaxante muscular eu tive, por causa da prova física. Pois bem, faltou a dispensa do Tiro de Guerra e até ao Juiz da infância e juventude eu recorri, [ele mora perto de casa] mas ele me disse que o contato dele na Junta Militar não conseguia me liberar de servir o Tiro antes do prazo determinado. Pois bem, no prazo determinado fui dispensado, e como foi bom ter sido dispensado, mas pra efeito do tal concurso, tarde demais. Perdi o concurso da Polícia. Não foi culpa minha, eu sei, mas todo mundo sabe que nessas situações você fica invariavelmente se sentindo um fracassado, um frustrado, um nada, impotente, um aracnídeo pisado pelo sistema. [sim, o sistema é infalível. Polícia Militar e Exército não se comunicam e eu ficava no meio dessa Guerra Fria, nenhum dos dois pode fazer nada por você e jogam a peteca pro outro, até que fui finalmente vencido. Essa novela durou uns dois meses]
Daí apareceu outro concurso, pra trabalhar em secretaria de escola do Estado. Parecia ideal: 20 mil vagas pro estado inteiro, salário de seiscentão. O Edital dizia que começaria trabalhar em 1º de Abril. Bela piada, hoje é dia 4 e nem convocado pra apresentar documentação eu fui ainda. Só sei que estou aprovado. Aguardo roendo as unhas os funcionários de José Serra me chamarem pra trabalhar. Que mal há em querer ganhar seiscentão?
Nesse meio tempo apareceram umas vagas de estágio no projeto Caná, no bairro Ferradura Mirim. Mais uma saga de etapas e seleções, passei na prova, passei na entrevista do departamento e enfim, vieram os coordenadores do projeto que iriam escolher finalmente quem seria O Vencedor. Fui super simpático, falei de educação popular, Paulo Freire, fiz piada, eles riram etc e tal. Perguntaram em que ano eu estava, 2º ano: “éee, cabecinha boa”.
Não me escolheram. Preferiram os caras já formados em Pedagogia, Biologia e Educação Física, vulgarmente conhecida por ‘Educa’. [‘Faço Educa’. É, bom pra você] Mas fui o único que não era formado e que ficou de suplente, pelo menos. Se é que isso serve de consolo.
Agora apareceu um e-mail que a LBV mandou pro Depto de Educação e a coordenação mandou pros alunos. Vaga de estágio. Liguei na LBV e a moça disse que era pra fazer atividades relacionadas à sociedade, cidadania, ecumenismo, ponto pra mim. E também atividades ou com teatro ou com dança. Você tem experiência com teatro ou com dança? É, agora eu pago meus pecados por não ser nenhum tipo de Nelson Rodrigues nem saber botar a galera pra rebolar como a Joelma. Enfim, não era ela que fazia a seleção, era o tar do CIEE, Centro de Integração Empresa-Escola; não gosto nem um pouco do nome.
Fui no CIEE e a mocinha me diz que entrevista tinha sido hoje pela manhã. Que azar, não? Não, eles não podiam fazer nada. Talvez se eu ligasse na LBV pra ver o que o pessoal lá podia fazer por mim. Já me acostumei a essa deixa de responsabilidades. [neste exato momento que escrevo estou aguardando o retorno do tal pessoal lá]
E então duas coisas: se eu tenho cadastro no CiEE, porque os filhos dumas éguas não me chamaram pra entrevista? E se era o CIEE que estava fazendo a primeira seleção, porque diabos a LBV mandou o e-mail pro curso de Pedagogia da UNESP Bauru?

Pô Iaiá, se eu peco é na vontade, meu. É, justamente isso que você está pensando. Sou penas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco. Igual o Lula nos anos 60. Queriam que eu falasse mal dele né. Seus abutres. Preciso de um programa de aceleração do crescimento na minha vida. Sem drama

Djunou.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Então enfim assisti o tal filme Juno, o tão celebrado alternativo do Oscar, o Pequena Miss Sunshine de 2008, como disseram. Tava realmente muito curioso pra ver que negócio era aquele, mil e uma pessoas falando que é o melhor filme independente do século. Então vamos às minhas apreciações, afinal eu não tenho um blog à toa e o mundo precisa das minhas verdades.
Partindo do pressuposto que eu não me permito mais ver os filmes americanos maus que matam com cara de ‘mato mesmo’, então sendo diferente disso, o Juno é bom.
O Juno é bom, sim o filme é bom. A Juno nem tanto.
A protagonista é onipotente e indiferente como os protagonistas dos filmes de tiroteio. Veja bem, ela meio que engravidou por brincadeira, e durante o filme todo trata aquele episódio como se tivesse sido um acidente desimportante e incômodo. Como se ela, em momento algum, não tivesse querido muito, ter feito o que ‘eles’ fizeram.
E o rapaz foi um objeto sexual absoluto. Quase um vibrador viciado em tic-tac. Ele é o coadjuvante fundamental. Não tem vontade própria, é um quase atleta, disciplinado, na barra da saia da mãe, sem grandes sonhos e pretensões, e é ele quem faz de Juno a protagonista chata. Ela tem 16 anos, sai de carro sem nenhuma cerimônia, dirige habilidosamente, Diablo Cody pôs em sua boca adolescente piadas e comentários de americanos gente grande como Michael Moore e seria capaz de se comportar com total indiferença diante de qualquer Bono Vox.
Juno foi a protagonista chata até o meio do filme pelo menos. Até o meio do filme ela fez a filosofia do Foda-se o resto que não seja eu. Nerd irrecuperável, sempre tinha um ‘merda’ pra adjetivar a maior parte das coisas [ah barriga de merda, que colégio de merda; isso dá um ar rebelde/descolado/fanfarrão infalível. Falar mijei, meu mijo, vou dar uma mijada, também ajuda nesse sentido, já que o personagem é uma menina de 16anos].
Sabia tudo de Iggy Pop a Sonic Youth, era a filha mais primogênita da Mtv. Tudo ela resolvia com uma piadinha americana. Se sentia desprezo e nojo pela pessoa com quem estava falando, mandava uma tiradinha americana. Se ela estava se divertindo com uma amiga, piadinhas americanas mil. Se ela queria dizer Te amo, comentariozinho americanizado no melhor estilo nerdTv. E dentre tantas piadas no filme inteiro, me pergunto se Juno tinha algum tipo de sentimento que não expressasse descoladamente. Não só ela, mas todo o filme foi uma seqüência irrepreensível de piadinhas americanas. Mesmo a madrasta careta tinha várias na manga. Até num dos momentos que se pretendia mais dramático, apareceu alguma coisa sobre o Kurt Cobain. O filme alternativo feito pra Mtv’s.
Depois, ela numa conversa com o pai, se pergunta se existem pessoas que vivem a vida toda juntos e como isso é possível. Tem um estalo, e então resolve ficar com o cara loiro mesmo [note-se que ela não tinha nenhum outro pretendente], como se isso dependesse de uma decisão assim: “Ah, vou ficar com ele pra vida toda”.
Sinopse sintética: Juno deu umazinha sem compromisso e sem saber por que, ficou grávida, puts que sheet, teve uma gravidez sem nenhuma complicação, deu à luz, passou o bebê pra uma pessoa legal, depois decidiu ter um grande amor e viver com alguém pra sempre, então ela comunica essa sua decisão pra sua cara-metade involuntária, ele acha o maior barato e os dois vão ser felizes enfim, tocando violão na calçada.
A tradução em português do título do filme deveria ser Senhora do Destino.