Dialética do desquerer

domingo, 17 de junho de 2012

   A coisa da dialética é basicamente a noção de que tudo tem contradições. Mas isto implica em que, diretamente? Pra ser sucinto, implica que nada é absoluto.
   Tranquilo usar a dialética para as ciências sociais, para as ciências da educação, para as ciências humanas em geral. Mas e usar a dialética pra pautar os problemas da nossa vida? Ou ainda: dá pra tentar resolver com desquerer problemas que versam sobre algo de bonitês que se sente por outra pessoa? Essas linhas são sobre a importância da dialética do desquerer para entender as coisas acerca do querer.
   De um ponto de vista dialético, todo bem-querer implica um mal-querer. Tudo bem, nós podemos enxergar plenárias inteiras, ululantes, concordando com isso. O problema é definir qual é natureza da relação que o bem-querer estabelece com o mal-querer e em que medida cada um deles se coloca nessa relação. Há mais equilíbrio ou mais tensão? Mais leveza ou mais nóia? Ter clareza disso é importante, pois quando a linha do equilíbrio começa a se romper o mal-querer se torna mais freqüente do que é desejável. E é aí que entra a dialética do desquerer.
   Quando o caso começa a ficar mal-resolvido demais uma coisa se torna decisiva: desquerer. Ah, o desquerer é fundamental. Ele é precisamente a superação dialética entre o bem-querer e o mal-querer.
   Pode soar maniqueísta, mas bem-querer e mal-querer existem de fato nas mais singulares atitudes das diversas relações humanas. Evidente que o desquerer não é neutro, ele é plenamente passível de valoração. Geralmente para quem não enxerga a presença cada vez mais latente do mal-querer o desquerer não agrada nem um pouco. O fato é que em determinados momentos o desquerer se torna fundamental. Ele se coloca como possibilidade real de superação quando existe uma falsa escolha entre o bem-querer e o mal-querer. Em outras palavras: quando não há mais um Nós autêntico entre duas pessoas, ainda que quase sempre uma delas insista em não enxergar isso, o desquerer é uma opção saudável. Desquerer não é necessariamente abdicar de bem-querer alguém, tampouco uma opção pelo mal-querer. Ele é uma alternativa a isso.
   Assim, se algo está insustentável é muito melhor desquerer do que manter um malfadado bem-querer e permitir um muito provável mal-querer que se aproxima.

3 comentários:

Mayara disse...

então você tá bem-querendo alguém que mal-te-quer?
relaxa, você sempre terá a mim.
(ai que amor!)

Diego M. Fernandes disse...

Mano, esse post agora é meu livro de cabeceira. Eu tenho q ler isso pelo menos umas três vezes por dia.

Jorge Teixeira disse...

Hahahá, porra que da hora mano.