Já falei esses tempos sobre a beleza dos homens maduros, sobre a beleza de envelhecer, também já falei daquele pedaço do Nelson Rodrigues, que diz que a beleza morre nos primeiros quinze dias, num insuportável tédio visual. E quis falar agora sobre a beleza que me interessa de fato.
O Roger do Ultraje diz numa música, “Ei miss simpatia, beleza plástica é o quesito que hoje mais me agradaria. Você é muito inteligente, mas hoje eu não to a fim de conversar. Se você estiver sozinha tenho um amigo que eu posso apresentar”. Todo mundo tem disso, como toda mulher tem aquele dia de usar always sem abas, e que por isso elas ficam mal humoradas e até com a resistência baixa por causa disso (descobri isso essa semana). Não é um problema. A beleza plástica é uma questão de lua. Problema são aquelas minas que fazem disciplinas inteiras de 4 créditos dentro da sala se olhando no espelhinho que trazem na bolsa. Essas não são as misses simpatias de que o Roger falava.
O lance da beleza feminina tem muito a ver com o que você considera bonito nas coisas, na capa dos livros, nas fotos, nos sorrisos dos bossanovistas atrás do violão, nos flickr’s da vida, nas casas antigas do centro. Não quero definir o que é beleza, mas acho que isso de fato se constrói pessoalmente, e se desenvolve. Coisas que você achava bonitas, deixa de achar. Músicas que você achava esquisitas, passa a manhã de domingo inteira ouvindo. Coisas que você não conseguia entender o sentido de existir, passa a achar a última bolacha do armário. A beleza é socialmente construída, Vigotsky deve explicar isso.
O conceito que a gente tem de beleza feminina também se aprimora. Não que você fica cada dia mais acostumado com o padrão que a tv e os outdoor’s querem te vender, mas justamente se desapega dele. Nesse sentido, pode não fazer sentido nenhum você enxergar o charme que há na fernanda takai tocando violão, e não achar graça nenhuma na cláudia leite, fazendo qualquer coisa, inclusive acabando com Último romance com sua versão.
Mas como essa coisa de gosto é muito particular, não vou mais divagar verbalmente sobre. Em todo caso, se encontrarem a Mariana Aydar, digam a ela que quando ela chegar não precisa interfonar, mete a mão na maçaneta e pode entrar.
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