Na geladeira tem salada

sábado, 22 de agosto de 2009



Já falei esses tempos sobre a beleza dos homens maduros, sobre a beleza de envelhecer, também já falei daquele pedaço do Nelson Rodrigues, que diz que a beleza morre nos primeiros quinze dias, num insuportável tédio visual. E quis falar agora sobre a beleza que me interessa de fato.




O Roger do Ultraje diz numa música, “Ei miss simpatia, beleza plástica é o quesito que hoje mais me agradaria. Você é muito inteligente, mas hoje eu não to a fim de conversar. Se você estiver sozinha tenho um amigo que eu posso apresentar”. Todo mundo tem disso, como toda mulher tem aquele dia de usar always sem abas, e que por isso elas ficam mal humoradas e até com a resistência baixa por causa disso (descobri isso essa semana). Não é um problema. A beleza plástica é uma questão de lua. Problema são aquelas minas que fazem disciplinas inteiras de 4 créditos dentro da sala se olhando no espelhinho que trazem na bolsa. Essas não são as misses simpatias de que o Roger falava.

O lance da beleza feminina tem muito a ver com o que você considera bonito nas coisas, na capa dos livros, nas fotos, nos sorrisos dos bossanovistas atrás do violão, nos flickr’s da vida, nas casas antigas do centro. Não quero definir o que é beleza, mas acho que isso de fato se constrói pessoalmente, e se desenvolve. Coisas que você achava bonitas, deixa de achar. Músicas que você achava esquisitas, passa a manhã de domingo inteira ouvindo. Coisas que você não conseguia entender o sentido de existir, passa a achar a última bolacha do armário. A beleza é socialmente construída, Vigotsky deve explicar isso.

O conceito que a gente tem de beleza feminina também se aprimora. Não que você fica cada dia mais acostumado com o padrão que a tv e os outdoor’s querem te vender, mas justamente se desapega dele. Nesse sentido, pode não fazer sentido nenhum você enxergar o charme que há na fernanda takai tocando violão, e não achar graça nenhuma na cláudia leite, fazendo qualquer coisa, inclusive acabando com Último romance com sua versão.

Mas como essa coisa de gosto é muito particular, não vou mais divagar verbalmente sobre. Em todo caso, se encontrarem a Mariana Aydar, digam a ela que quando ela chegar não precisa interfonar, mete a mão na maçaneta e pode entrar.
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Log pra quem precisa de polícia

sábado, 15 de agosto de 2009


O vestibular é uma oportunidade praticamente obrigatória de se fuder com data marcada. Ele foi o meu maior trauma do colegial, e se ainda não foi o seu, pior pra você. Meu segundo colegial foi uma das épocas de escola mais da hora, porém eu não voltaria no tempo pra viver ele de novo, justamente por causa da neurose que é o vestibular, nesse lugar onde não tem universidade pública pra todo mundo. Mas acalmem-se, eu não vou manifestar aqui meu desejo secreto de ir pra Massachussets. Afinal, meus segredos e planos secretos são secretos.

Porque existe o vestibular? Porque não tem facul pra todo mundo. Alguns especialistas em Educação dizem que o problema do não-sistema educacional brasileiro está na educação básica. É bem verdade, mas em algum momento do raciocínio deles passa a questão que supõe que, com educação básica de qualidade o sujeito será capaz de passar no vestibular. Eeer! O vestibular em si não é o problema. Ele é só o reflexo de um problema maior, que é o número insuficiente de universidades públicas pra todo mundo. Dar Universidade pra todo mundo resolve o problema? Se não resolver, pelo menos inverte uma lógica que é crucial nessa sociedade capetalistinha que é a nossa. Evidente que a educação básica precisa ter seus anseios atendidos, pra ter qualidade de fato, mas isso é consenso, meu objeto aqui é a grande merda impressa do vestibular.

Os mais xiitas insistem que essa reformulação toda no Enem e nos vestibulares das públicas não muda nada, porque vão continuar entrando os melhores, visto que não se aumentou o número de vagas. É bem verdade. Mudar o vestibular de formato não resolve se não aumentar o número de vagas: independente do jeitão da prova vai continuar entrando os mais espertos.

Porém, o que esses cabras não compreendem é que o vestibular tem se tornado cada vez mais preocupação das séries mais iniciais. É sabido de todos que depois da quinta série já sentem o clima de cobrança do vestibular, e isso no fim das contas vai refletir nas costas largas do professor. Conclusão: não é só mais o ensino médio que se organiza em virtude do vestibular, o ensino fundamental também já está assim. Cada dia mais o conhecimento transmitido nas salas de aula estão vinculados à lógica do vestibular. E qualé essa lógica? É justamente não ter lógica.

Sem essa de que a burguesia faz isso pra alienar a classe trabalhadora, porque esse discurso é deveras maniqueísta, como se os burgueses fossem monstrinhos maquiavélicos. Mas no fim das contas, o resultado acaba por ser o mesmo.

Os conhecimentos exigidos no vestibulares têm que ser muito difíceis pra serem seletivos, senão todo mundo vai bem, e não é essa a idéia. A lógica é eliminar, selecionar os melhores. Logo, na tara de preparar pro vestibular, o que impera são os conhecimentos que não tem bulhufas a ver com a vida dos reles secundaristas. E é aí que entra o forte do Novo Enem. Olha que perigon eu falando bem do MEC.

Vinculando as questões da prova à reflexão sobre a sociedade e as coisas que acontecem de fato na vida das pessoas reais, essa nova prova subverte a lógica do vestibular enciclopédico. Sim, senhores, o Log foi uma invenção capitalista pra submeter os alunos a uma alienação tal que não os deixasse refletir sobre a opressão de classe.

Se de fato esses novos vestibulares conseguirem romper com essa cultura de decoreba, esse enciclopedismo que só domina quem dorme em cima dos livros, ele já terá cumprido uma grande função, mesmo que não resolva o problema de acesso ao ensino superior.

Amanhã mais mentiras sinceras, beijo
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Novíssimos baianos

terça-feira, 11 de agosto de 2009


A galera quase toda reunida esses dias atrás. Pensou se eu tivesse que viver nos anos 2000
Deuzo livre!
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Declaração universal dos direitos da mulher bonita e burra

domingo, 9 de agosto de 2009

Henrique Szklo.


1) Toda mulher bonita e burra nasce com uma capacidade extraordinária de encantar a todos com sua beleza mas botar tudo a perder ao abrir sua linda boquinha;

2) Toda mulher bonita e burra tem o direito de conseguir o emprego que quiser, tirando, inclusive, o lugar de pessoas muito mais capacitadas do que ela. Principalmente nos casos em que o empregador for um porco chauvinista, sexista nojento e pretendente a tarado;

3) Toda mulher bonita e burra tem o direito de achar que não é apenas um rostinho bonito. E por conta disso ficar horas na academia para garantir que a barriguinha e a bunda também sejam;

4) Toda mulher bonita e burra tem o direito inalienável de dizer às pessoas que quer ser reconhecida pelo seu talento sem provocar risos histéricos em seu interlocutor;

5) Toda mulher bonita e burra tem o direito de se achar incompreendida, mesmo que passe o tempo todo dizendo coisas absolutamente ininteligíveis;

6) Toda mulher bonita e burra poderá tripudiar o quanto quiser as mulheres inteligentes e feias, mesmo que não faça a menor idéia do que significa a palavra “tripudiar”;

7) Toda mulher bonita e burra tem o direito de despender horas à frente de um espelho e nem um segundo atrás de um livro;

8) Toda mulher bonita e burra tem o direito de mostrar suas vergonhas em revistas masculinas e ainda ter a cara de pau de dizer que são fotos artísticas realizadas com muito bom gosto;

9) Toda mulher bonita e burra tem o direito de ser bonita, mas a burrice, convenhamos, é difícil de agüentar;

10) Toda mulher bonita e burra tem o direito de acreditar que vai ser bonita para sempre e que um dia deixará de ser burra.


Henrique Szklo é cronista do Blônicas
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Adolescência clichê

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O Tom Jobim disse certa vez que gostava de dissertar longamente sobre coisas que desconhece. Eu sei o que ele quer dizer, porque fazer isso de fato é muito interessante. Porém, em matéria de Adolescência eu sou profundo conhecedor. E tendo 20 anos agora, me sinto no direito de falar com isenção sobre o tema.

O orkut é muito interessante nesse sentido. Você fica conhecendo qualé das várias tribos. Quando eu fiz meu perfil, era preciso receber um convite, tipo uma maçonaria mesmo: só entra pra turma se for indicado. Hoje o orkut banalizou, a galera se mostra na balada, mostrando o copo de smirnoff, até paga peitinho, faz cara de sécsy, faz hang loose e olha pra outro lado, o diabo. Quando recebi o convite, eu preenchi o formulário bonitinho, dizendo quem eu era, minhas intenções, se bebia, se gostava de animais de estimação ou preferia que eles ficassem no zoológico, essas coisas relevantes. No alto dos meus 15 anos eu tinha que pedir ajuda pra me relacionar com vocabulário em inglês do orkut, tipo scrap e join. E hoje o orkut ajuda a gente a comprender melhor a juventude transviada, até porque as pessoas abrem suas vidas nas redes sociais.

Ano passado, fiz um post falando que o Buddy Pokke era uma espécie de Second Life de pobre, onde as pessoas simulam interações (estranhas) com seus iguais. Depois de um tempo eu comecei a perceber que o orkut se tornava cada vez mais o joystick da vida das pessoas. Eu via várias delas colocando fotos no supermercado (!), se abraçando, fazendo biquinho, careta, todo tipo de bizarrisse adolescente. Eu me perguntava, no interior da minha solidão pedagógica, se essa juventude tinha algo na cabeça que de alguma maneira fizesse seus neurônios se relacionarem, ou se eram apenas Sinapses vãs. E concluia que não era o almeirão, o brócolis ou a chicória que levava essas crianças ao supermercado, mas a possibilidade de uma situação social na qual elas pudessem se fotografar, na mais adolescente intenção de gritar pro mundo o quão queridas elas eram: "aSpoKasDpsOk AqUeLe diA mEo, Só QuEm TaVa lÁ PrA SaBê, "6 saum foda, "Aê Léki, meo parcero ce é essensial já.

Pretendia eu comentar neste espaço o fenômeno arrepiante do Psy Rebolation, mas esse texto já está se mostrando mais catastrófico do que eu previa. Eu só gostaria de saber qual é o critério que se usa pra enxergar naquilo alguma razão de ser. Nada me tira da cabeça que o Latino tem influenciado essa garotada mais do que deveria e até mais do que ele próprio imagina, mesmo que a galerinha se mostre confessamente mais apaixonada pelo Neo Pop-Sertanejo da vida, que infesteiam os nicks do msn. Sério, se você está se preocupando com a gripe suína, esqueça. As duplas neo pop sertanejas se multiplicam numa velocidade muito maior que a do vírus.

Ah, os nicks de msn são outra expressão terrível da adolescência clichê. Salve a contribuição do Gordo Nerd pra configuração de uma análise mais criteriosa dessa escatológica expressão ideológica adolescente contemporânea.

Será que alguma onda adolescente algum dia teve um comportamento minimamente condizente com sua época? Se você também sente vergonha alheia pela adolescência alheia, aqui vai a minha contribuição companheiro:

Adolescência clichê
Seleção Natural no Orkut
AAH quando eu fizer 18 anos..
E eu, que fui emo?
vose me aseita gata??///
Meninas fodas.
Tem funk tocando no ônibus..
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1º de Agosto

sábado, 1 de agosto de 2009



Primeiro de Agosto, esqueci o teu rostoo
Foi como voltar a respirar
Veio setembro, e eu já nem me lembro


Parabéns Bauru!
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