Decidi escrever umas parada ai que me ocorre de vez em quando. Por alguns motivos, mas principalmente pra poder acreditar nas minhas próprias opiniões. Nada muito interessante, mas eu acho importante exercitar a linguagem acadêmica que eu tanto nem gosto.
Numa aula dessas, minha professora falava da conhecida dificuldade que se tem em cursos de pedagogia, que é o conflito entre linhas de pensamento que supostamente se atritam. Eu particularmente, na precocidade do meu início de 2º ano de curso ainda não notei nada de tão conflitante entre esses vieses teóricos.
Como estava estranhando essa polêmica toda perguntei pra professora, e minhas suspeitas se confirmaram: o fato é que geralmente existe quase um consenso anti-escolanovista.
Anti-escolanovismo esse muito bem patrocinado pelo Sr. Dermeval Saviani. Ora, diga-se de passagem, feliz da orientação teórica que tem Dermeval Saviani ao seu lado e infeliz daquelas pelas quais ele não simpatiza. O escolanovismo, não por acaso, não caiu nas graças desse nosso prezado pensador. A professora continuou sua exposição comentando que recentemente um professor que pleiteava uma vaga de professor substituto, disse perante a banca que era assumidamente piagetiano, e então chegamos ao x da questão.
Ao que me parece, os críticos do escolanovismo tem certa alergia de piagetianos, pois escola-novistas têm uma tendência dita ‘psicologizante’, note-se a pejoratividade do termo. O argumento é que Piaget, não peca por incapacidade, claro, mas por omissão: ele não se preocupa com o determinante social, material. O anti-escolanovismo é sustentado quase que totalmente por autores de inspiração marxista, pois segundo estes, a educação nova do começo do século XX foi uma proposta burguesa para elitizar ainda mais as elites, insaciáveis.
Então temos duas situações: ou você é construtivista/piagetiano, ou você é marxista/histórico crítico? [pelo menos ao nível das idéias, pois bem sabemos que ao nível da prática esse discurso todo é um luxo quase que impraticado]
É muito natural que quem estuda alguns pensadores se reconheça em alguma vertente mais do que em outra, pois o contrário disso indicaria a falta de reflexão crítica, uma abordagem muito simplista e superficial das teorias, teorias essas que subsidiam os profissionais, da educação ou de qualquer outra área.
Essa leitura superficial, muito provavelmente tornaria o estudante em uma espécie de positivista, imparcial, mesmo que sem se dar conta, já que ele prefere não se comprometer, e isso significa imediatamente cometer o pecado imperdoável de ficar em cima do muro, sintoma direto da falta de convicção.
Mas por outro lado se comprometer a ponto de se afirmar ‘piagetiano mesmo e daí’, é um tanto quanto arriscado, da mesma forma que é arriscado se dizer ‘marxista por convicção’.
E convenhamos que de certa forma se dizer ‘marxista’ seja muito fácil, afinal, em poucas palavras, qual foi a contribuição de Marx? Ele simplesmente provou que todo progresso, em termos humanos, que historicamente houve até hoje foi fruto da luta de classes, dividiu a sociedade capitalista basicamente em patrões e empregados e submeteu todas as relações sociais às relações comerciais e econômicas. Muito bem, partindo desses pressupostos, quem se arrisca a se dizer não-marxista? Se intitular simplesmente não-marxista não seria negar essas ‘máximas’? Ou não? E se afirmar piagetiano é desprezar o fator classes e contradições sociais? Se for, então fazê-lo me parece um suicídio teórico-prático. Da mesma maneira que se afirmar marxista é se comprometer com toda e qualquer vírgula que Marx tenha escrito, e mesmo que essa opção seja confortável, é um tanto quanto restrita.
Fato é que temos muitos professores, profissionais em geral da educação, pedagogos geralmente, que se afirmam como piagetianos ou como marxistas. Certo, como já foi dito, é saudável se comprometer, mas se engajar com um pensador a ponto de se afirmar seu discípulo, não deve corresponder a negar outro, principalmente de outro que se ocupou de uma área diferente do conhecimento, não menos importante.
Amanhã mais dicas.
Deixe-se acreditar.
sexta-feira, 14 de março de 2008
rasurado pelo
Jorge Teixeira
às
11:21
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2 comentários:
vc já viu uma fotinho do piaget?? Na boa muito mais simpatico que Marx....
coloquei uma fotinho dele nooo meu blog!
lindo!
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