Arroz de Ato-festa

sábado, 28 de agosto de 2010

Palavras do JC do dia 28 de agosto:
A tarde de ontem na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru foi marcada por um protesto de aproximadamente 40 alunos de diversos cursos da Faculdade de Artes, Arquitetura e Comunicação (Faac) da universidade que reivindicavam em nome de três alunos, dois do curso de psicologia e um da pós-graduação, que estão sendo processados administrativa e civilmente pela entrada de bebida alcoólica dentro do campus, por danificar um quadro de energia e também o alambrado.

Alguém avisa a jornalista Bruna Dias que o protesto tinha bem mais de 40 pessoas e não era só de estudantes da FAAC. Também a foto com os estudantes sorrindo parece colaborar bastante com a insistência da mídia de que o fato gerado era uma rave e não um Ato-festa. A prova do GAC de que tinha bebida no campus? Uma foto de dois litros de pinga em frente à Atlética. Pouco forjada? Ao que parece se trata de um bando de vândalos que precisam de polícia porque, rapaz, eles destroem quadros de energia e alambrados!
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Homo Lattes

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Universidade é um espaço privilegiado de produção de conhecimento. Através do ensino, da pesquisa e da extensão, ela tem o papel de produzir, socializar o conhecimento e articulá-lo a mecanismos de transformação social para além de seus muros.
É fenômeno conhecido daqueles que circulam pelos meios acadêmicos que tem predominado a lógica de um produtivismo toyotista na produção desse conhecimento. Cada vez mais os professores da UNESP e de outras universidades públicas buscam publicar um número maior de artigos e livros, fruto de seus estudos. Porém, isso não significa que eles estejam necessariamente interessados no avanço da ciência ou insanamente comprometidos com o trampolim de suas carreiras. Trata-se de uma questão de sobrevivência, afinal de contas a UNESP precisa estar a par dos renomados centros de pesquisa internacionais, custe o que custar. Embora nossa universidade esteja bastante distante do padrão e do contexto dos países com alto potencial científico, o produtivismo por aqui é buscado a todo custo: terrorismo por parte da burocracia acadêmica, rankings de produtividade de unidades e departamentos, programas de desenvolvimento institucional goela abaixo, etc.
Os alunos cumprem um papel fundamental nesse cenário, participando dos projetos de pesquisa, atrapalhando a vida de seus orientadores com tcc’s, turbinando seus lattes com mil e uma coisinhas sem importância, pleiteando as escassas bolsas de auxílio à pesquisa e à extensão, etc.
Interessante é que nem todos os alunos parecem atentar para o fato de que em uma universidade com sérios problemas estruturais, como a patológica falta de professores, tem se exigido uma produção de conhecimento em escala industrial, baseando-se em parâmetros quantitativos.
Quando surge uma paralisação de servidores pela melhoria estrutural e pelo reconhecimento da sua dimensão humana, a universidade entra em colapso e os professores doutores, com seus confortáveis 12% de reajuste, preferem não se solidarizar com a causa de quem ajuda a manter os campi em pé. Preferem tocar seus projetos de ensino, pesquisa e extensão aos trancos e barrancos, apesar dos movimentos de greve, afinal o lattes não pode parar.
Ao que parece, a UNESP caminha para a legitimação dessa lógica do homo lattes, mais do que para a construção de uma universidade comprometida com a produção e socialização de conhecimento com qualidade. O que se vê na prática é uma a corrida maluca dos rankings e dos currículos, tanto de professores como de alunos de pós e até mesmo de graduação. Não soará estranho se o próximo curso a ser criado na UNESP for Engenharia de Produção de Ciência e Conhecimento.
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Escrito para O Grito, jornalim do ME da Unesp Bauru
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Disfarçando a sem dinherice

quinta-feira, 19 de agosto de 2010



Há anos não me reconhecia tanto em uma comunidade

Não que eu seja de fato um marxista, mas esse é sempre um argumento muito forte:

"Cê acha que eu vou gastar QUINZE REAIS com uma balada cheia de playboy?!"

Mais um da série "Engajamentos que nos livram de roubadas".

A questão da prática na pedagogia histórico-crítica

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Palestra promovida pelo CAPF sobre Pedagogia Histórico-Crítica.
Os palestrantes são a Carol Galvão, formada nos bancos da Pedagogia da Unesp Bauru e o Dermeval Saviani.
Compareçam, que Saviani na Sala 1 é só para raros!
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Marques responde

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Palavras de sabedoria de um velho materialista à estudantes da UNESP


Marques, você acha importante que eu me interesse pelo que se passa na Universidade em que eu estudo? O Movimento Estudantil não pode fazer isso por mim?

Veja bem camarada, trata-se da seguinte questão: se você se preocupa com as questões pertinentes à sua formação significa que tem procurado agir como sujeito e não como objeto, isso já é deveras importante. Caso as questões pertinentes à sua formação e à sua Universidade não lhe estejam acessíveis, afinal você é um sujeito social historicamente determinado que não tem possibilidade de atuar de modo mais sistemático, cabe que se informe com aqueles que participam do Movimento. Mas se você não está nem um pouco interessado com as questões da sua Universidade nem da sua formação, não me amole com pentelhices pequeno-burguesas.




Marques, dentro das lutas de classes, meu professor me oprime? Eu devo odiá-lo?


Companheiro, lutas de classes são, grosso modo, os conflitos que se dão entre as duas classes fundamentais dessa sociedade: trabalhadores e patrões. Sua relação com seu professor é de outra natureza, pois trata-se da produção e socialização do conhecimento e não da mercadoria. [Se ele estiver querendo te vender conhecimento na forma de parcelas de mais de 2 mil reais, coloque-o em seu lugar de mercenário.] Mesmo que ele queira te convencer que a história chegou ao fim, que sempre vão existir classes sociais ou que Bauru é Foda, isso não faz dele necessariamente seu opressor. Mas caso ele esteja mistificando a realidade ou direcionando o conhecimento para fins que visem apropriação privada da riqueza, não fique chateado por ficar de DP.

Marques, eu só gosto de balada e não gosto de política, comofas?

Veja bem criatura, eu também não gosto de política, pois política é sempre expressão de algum tipo de exercício de poder. Porém, a socialização do exercício da política nessa sociedade é muito importante, já que ela está praticamente toda no domínio da grande burguesia. Tudo bem você gostar de micaretas, cada um usa a inteligência que tem, mas se não gosta de política tenho duas opções pra você, meu jovem: ou você não tem problemas em acatar decisões arbitrárias com as quais não concorda ou está num lugar social suficientemente confortável pra não se indignar com isso. Ora, se a USP não tem Interunesp, tanto melhor. Fefelechers, uni-vos!
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