
Tava passando no Cine Clube aquele filme Feliz Natal, do Selton Mello. Digo filme do Selton Mello porque dessa vez ele é o Diretor do filme, e não o ator engraçado de sempre. Mas não é só isso. É o primeiro trabalho como diretor de um dos maiores atores brasileiros, um dos menos clichês, um dos mais inovadores, mas de fato eu digo que o filme é dele porque ele quis passar essa impressão, de dono do filme.
"Meu trabalho, "eu fiz assim, "quando eu pensei. Tanto que você estava acostumado com as capas do filmes do Almodóvar, que vem escrito Um filme de Pedro Almodóvar. Pois bem, Na capa de Feliz Natal também está escrito Um filme de Selton Mello.
Depois de ver o filme eu me senti meio culpado, porque de fato ele conseguiu me atingir em alguns sentidos, com essa coisa da família. Daí minha irmã tava aqui e queria alugar um filme. Eu disse que já tinha alugado, mas ela queria ver Austrália, porque falaram pra ela que era bom. Ela que ia pagar mesmo, paciência. Era a minha chance de valorizar esses momentos “família” que o filme tinha me cutucado.
Lá na locadora perguntei pro cara se tinha o Chega de saudade. Ele disse:
__ Tem, ó ele ali.
__ Não, não é Chega de saudade, é outra coisa que tem a ver com bossa nova, tem o Selton Mello e tal.
__ Os Desafinados?
__ Isso!
__ Ta na Duque.
__ Puts
__ Já viu o Feliz Natal?
__ Já, vi ontem.
__ Cê gostou?
__ Gostei, muito foda.
__ Foi corajoso né, primeiro trabalho dele. Achei ele meio mala nos extras, fazendo citações... Depois que eu vi os extras eu desgostei do filme. Ah, muito mala.
__ Hehe. Então, eu achei muito bem feito, tem umas críticas da hora. A família zuada, tem todo um pano de fundo...
Essas conversas com balconista de locadora não levam a lugar nenhum. Geralmente você fica tentando dar a entender que você entende do que supostamente ele deveria entender. A não ser com a ‘Suzana’ da outra locadora, com ela eu sempre concordo, mas isso não é pauta de hoje.
Daí que eu fiquei com a pulga atrás da orelha, afinal de contas eu só tinha ido na locadora buscar um filme família por causa do Feliz Natal. Se ele não tivesse me acusado de algumas coisas eu não teria aceitado sair debaixo do meu edredon pra bancar o meninão que vai buscar Marley e Eu (filme interrogação pra mim, não acontece nada) pra assistir com a turma aqui de casa. Até porque não é todo dia que a turma aqui de casa é a turma daqui ou tá aqui em casa.
Vendo os extras eu cheguei à conclusão que o Selton Mello, com seu primeiro filme tá se achando o dono do seu primeiro filme.
Pô, quem há de negar que ele é um grito solitário no meio de milhares de atores iguais, super lugar comum. O cara é a salvação da lavoura (não a Arcaica, hahá). Em todos os filmes que ele fez, deu uma pitada da personalidade dele. Ele tem um vocabulário que geralmente deixa uma marca definitiva nos filmes, vide O auto da compadecida, Os aspones, Árido movie, O CHEIRO DO RALO, etc
E Feliz Natal conseguiu ser um filme foda, mesmo sendo o primeiro. Mas porque essa necessidade de rotular o filme como o Primeiro Filme de Selton Mello? Pra que colocar na capa do dvd ‘Um filme de Selton Mello’?! É um filme ótimo, a equipe foi o cara que montou, escolheu os atores, acho que o roteiro é dele também, mas isso é de praxe nos diretores.
É fato que, como ele é o queridinho do Brasil, esse emblema dê um salto na locação dos filmes, mas querer promover o filme por ser um filme de fulano de tal, é meio que narcisismo almodovariano. O Filme é foda, demais. Com certeza o primeiro de muitos que serão muito bons, pra salvar a gente de coisas menos bacanas como A mulher invisível. Mas é preciso desmistificar o fenômeno narcisista dos Diretores.
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2 comentários:
Cara pra mim o Selton é um ator muito foda...mas ainda não vi esse fime dirigido pro ele...
preciso ver e também ler e/ou ver lavouras arcaicas
e eu nem converso com balconistas de locadoras prefiro balconista de bar
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