Sabor morango

quinta-feira, 21 de maio de 2009





Há um tempão atrás me pediram pra escrever sobre Felicidade.

Escrevi sem saber pra que seria, a idéia era eu ficar sabendo depois.

Nunca fiquei sabendo pra que serviu, se serviu, pra quem foi, se foi pra alguém.

Então que sirva pra alguma coisa agora. ou não




A tristeza é senhora

Talvez a felicidade seja mais objetivo do que realidade, mais meio do que finalidade. Todo mundo busca 'ser feliz', mas se pararem pra analisar o momento agora, vão dizer que talvez não estejam tão felizes como gostariam.
Certa vez um professor me disse que começou a enxergar as coisas de outra maneira quando alguém lhe disse que as pessoas sempre fazem suas coisas e escolhas só querendo ser felizes. Acontece que elas não enxergam isso tão claramente.
Um engenheiro quando faz cálculos dinossáuricos, só tá querendo ser feliz. Um cientista vive atrás do microscópico porque ele é feliz assim, ou então ele pretende ser mais feliz num futuro próximo, e entende que o microscópio o ajudará nesse sentido. O punk vive de protesto e os sindicalistas de greve porque eles sabem que esse é o jeito pelo qual eles vão chegar à felicidade, ou bem perto dela.

A felicidade é na real o grande norte da Humanidade, mesmo que na correria ninguém pare pra pensar direito nisso. E tanto é assim que os publicitários já descobriram isso faz tempo. Não é difícil você ouvir por aí o convite “Vem ser feliz” num anúncio de uma oferta qualquer, de uma besteira qualquer que você nem precisa, mas que o apelo à felicidade te faz pensar mais no assunto. Como se comprar tal coisa, comprar em tal loja, fosse meio caminho andado pra ser feliz, assim, de maneira irremediável. Óticas, lojas de móveis, lojas de departamentos, lanchonetes transnacionais, todas elas recorrem ao argumento Felicidade pra atrair o infeliz do cidadão pós-moderno.

Eu tenho um conceito um pouco mais singular desse fenômeno. Dizem que o melhor da festa é esperar por ela, e eu também acho. Porque os momentos de felicidade de fato são poucos, breves e geralmente a gente nem percebe que eles são o que são na hora. A perspectiva futura de ser feliz e a lembrança de momentos felizes são de fato os momentos felizes. É claro que tem aquela hora que a gente quer que o tempo pare ali, momentos que você pára e pensa, pô é assim que eu queria mesmo. Mas esses são momentos raros na existência humana.
Nesse sentido, o lance do Carpe Diem é um tanto perigoso, porque só se apegar ao presente imediato não satisfaz ninguém. Essa conversa de Não faça planos, ou Esqueça o passado é coisa de quem só quer esquecer ou não tem boas perspectivas.

Às vezes felicidade se confunde com alívio. Quando é assim, o que rola não é a euforia da espera por uma boa notícia, mas o medo de dar tudo errado que predomina. De tal sorte que se dá tudo certo, o alívio que te conforta não deixa de ser felicidade. Quando a gente passa no vestibular é assim. Um misto de euforia, felicidade, mas sobretudo de alívio. Estranho as lojas de departamento com seus volumosos carnês ainda não terem adotado o slogan Venha ficar aliviado.

Felicidade também às vezes é susto. Susto de felicidade quando Aquela plaquinha do msn sobe. Susto quando alguém passa de carro e grita seu nome, quando o celular vibra com uma mensagem nova. Quando você põe a mão no bolso e encontra onze reais que você já tinha esquecido. Quando a banda toca aquela que ninguém gosta, mas que você acha tão mais significativa.

Felicidade quando ela que te é tão singular sorri um oi misto de rotina, simpatia e desimportância
.

5 comentários:

Renata Menezes disse...

Ah, oi, eu acompanho seu blog há um tempo, mas nunca quis me revelar, só que ver o blogger que eu considerava ranzinza falar sobre felicidade me motivou, apesar de depois de ler o texto eu descobrir que não tenho boas expectativas... Bom, acho que você vai ficar tipo assustado com uma leitora anônima que surge assim, do nada, mas susto pode ser felicidade então...
Pela última frase, teremos textos mais felizes, dependendo do humor dela. Quem sabe amanhã não avança pra um 'bom dia' ou 'tudo bem?'. Sei lá, né.

Eu volto sempre.

Renata Menezes disse...

Shit! Eu vi agora que o texto foi escrito há tempo. Mas eu volto sempre do mesmo jeito.

Mayara disse...

Jorge, você me orgulha.
e eu continuo com saudades.

Felipe disse...

é.

Rafaela Guzik disse...

também vou contra a filosofia do carpe diem, acho que não conseguiria se espontanea a toda hr! é no minimo uma ilusão tentar ser feliz o tempo todo..precisamos de momentos distintos..
e quanto ao penultimo paragrafo e aquilo né.. são as peqenas coisas que fazem a vida ser maravilhosa!

bjs, se quiser me adc no msn: lelinha_07@hotmail.com