Esquerdas humanas

domingo, 31 de maio de 2009

Mais um daqueles pra acreditar nas minhas meias verdades


Eu entrei no grupo de estudo de Educação em Direitos Humanos no meio do primeiro ano de faculdade. Isso provavelmente foi em Setembro de 2007. Recebi um e-mail de um tal de Clodoaldo, que eu na hora lembrei que era o palestrante da semana de recepção dos bixos. Aquela palestra foi uma das melhores da minha vida, porque eu tinha acabado de sair do ensino médio e tava com mil coisas na cabeça. Enfim, respondi o e-mail do cara e fui ver que porra era aquela de ‘Grupo de estudos de Educação em Direitos Humanos’. Pra mim até então, Direitos Humanos era aquela coisa bonita de todo ser humano tem direito à vida... Até hoje eu não sei como aquele e-mail foi parar na minha caixa de entrada. Ninguém da minha sala recebeu;

Hoje, algum tempo depois, eu não tenho ainda totalmente claro por onde caminha essa conversa toda. Mas algumas coisas já estão muito mais clareadas. Uma delas é que Direitos Humanos é uma coisa que está pra além da lei e das formalidades falsas como Todo homem nasce livre e em igualdade de direitos. Afinal de contas, qual foi o momento da história em que os homens nasceram livres e em igualdade de direitos? Todavia, essa concepção jurídica é muito forte e de fato predomina, já que é nas faculdades de Direito que essa discussão aparece dentro do curriculum, como discussão de aula propriamente.

Porém, existe uma falsa idéia de que os militantes dos direitos humanos formam um grupo homogêneo, com interesses em comum, lutando pelas mesma causas, por uma sociedade melhor. Não mesmo. Eles tem concepções e objetivos às vezes muito diferentes. Defendem, às vezes, interesses distintos. Mas qual deles tem mais legitimidade pra pleitear seus direitos?

Afinal de contas, se todos nós somos humanos, todos temos os mesmo direitos humanos, e então, vamos cobrar eles de quem? Dos Aliens e dos marcianos?

Ora, as desigualdades e injustiças não foram causadas pelos Aliens nem pelos marcianos. Elas foram intencionalmente construídas por determinado setor dessa sociedade humana, foram construídas por determinados seres humanos propriamente, em algum momento da história humana. E uma dessas questões centrais passa pela via de quem é que está pleiteando quais direitos, e de quem. Pois existem certos grupos que reivindicam certos direitos, e um outro grupo, que por algum motivo são culpados pela negação dos direitos dos primeiros. Isto é, a luta pelos direitos humanos existe porque eles não estão assegurados na prática. Mas eles não são universais na medida em que apenas uma parcela os tem totalmente garantidos, claro, em função da condição material.

Por isso, o exercício de analisar o discurso em defesa dos direitos humanos tem que ser constante, na intenção de considerá-lo legítimo ou não. Outra dificuldade enorme é não esgotar esse discurso no plano da pessoa humana, do recorte individual, do particular, do privado. Geralmente, por trás desse discurso muitas vezes se escondem intenções preconceituosas, elitistas, opressoras, simplistas e principalmente camufladoras de ideologias dominantes.

E é nesse exercício difícil que escrever qualquer coisa dentro desse tema se torna um desafio constante: o de não cair em armadilhas discursivas, que defendam valores tidos como universais, que considerem arrogantemente outra temática como desimportante, ou caiam no discurso como prática falaciosa, de onde nunca vai sair uma prática transformadora, onde realmente o olho por olho, dente por dente seja superado. Por mais que isso pareça idealismo marciano.
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Sabor morango

quinta-feira, 21 de maio de 2009





Há um tempão atrás me pediram pra escrever sobre Felicidade.

Escrevi sem saber pra que seria, a idéia era eu ficar sabendo depois.

Nunca fiquei sabendo pra que serviu, se serviu, pra quem foi, se foi pra alguém.

Então que sirva pra alguma coisa agora. ou não




A tristeza é senhora

Talvez a felicidade seja mais objetivo do que realidade, mais meio do que finalidade. Todo mundo busca 'ser feliz', mas se pararem pra analisar o momento agora, vão dizer que talvez não estejam tão felizes como gostariam.
Certa vez um professor me disse que começou a enxergar as coisas de outra maneira quando alguém lhe disse que as pessoas sempre fazem suas coisas e escolhas só querendo ser felizes. Acontece que elas não enxergam isso tão claramente.
Um engenheiro quando faz cálculos dinossáuricos, só tá querendo ser feliz. Um cientista vive atrás do microscópico porque ele é feliz assim, ou então ele pretende ser mais feliz num futuro próximo, e entende que o microscópio o ajudará nesse sentido. O punk vive de protesto e os sindicalistas de greve porque eles sabem que esse é o jeito pelo qual eles vão chegar à felicidade, ou bem perto dela.

A felicidade é na real o grande norte da Humanidade, mesmo que na correria ninguém pare pra pensar direito nisso. E tanto é assim que os publicitários já descobriram isso faz tempo. Não é difícil você ouvir por aí o convite “Vem ser feliz” num anúncio de uma oferta qualquer, de uma besteira qualquer que você nem precisa, mas que o apelo à felicidade te faz pensar mais no assunto. Como se comprar tal coisa, comprar em tal loja, fosse meio caminho andado pra ser feliz, assim, de maneira irremediável. Óticas, lojas de móveis, lojas de departamentos, lanchonetes transnacionais, todas elas recorrem ao argumento Felicidade pra atrair o infeliz do cidadão pós-moderno.

Eu tenho um conceito um pouco mais singular desse fenômeno. Dizem que o melhor da festa é esperar por ela, e eu também acho. Porque os momentos de felicidade de fato são poucos, breves e geralmente a gente nem percebe que eles são o que são na hora. A perspectiva futura de ser feliz e a lembrança de momentos felizes são de fato os momentos felizes. É claro que tem aquela hora que a gente quer que o tempo pare ali, momentos que você pára e pensa, pô é assim que eu queria mesmo. Mas esses são momentos raros na existência humana.
Nesse sentido, o lance do Carpe Diem é um tanto perigoso, porque só se apegar ao presente imediato não satisfaz ninguém. Essa conversa de Não faça planos, ou Esqueça o passado é coisa de quem só quer esquecer ou não tem boas perspectivas.

Às vezes felicidade se confunde com alívio. Quando é assim, o que rola não é a euforia da espera por uma boa notícia, mas o medo de dar tudo errado que predomina. De tal sorte que se dá tudo certo, o alívio que te conforta não deixa de ser felicidade. Quando a gente passa no vestibular é assim. Um misto de euforia, felicidade, mas sobretudo de alívio. Estranho as lojas de departamento com seus volumosos carnês ainda não terem adotado o slogan Venha ficar aliviado.

Felicidade também às vezes é susto. Susto de felicidade quando Aquela plaquinha do msn sobe. Susto quando alguém passa de carro e grita seu nome, quando o celular vibra com uma mensagem nova. Quando você põe a mão no bolso e encontra onze reais que você já tinha esquecido. Quando a banda toca aquela que ninguém gosta, mas que você acha tão mais significativa.

Felicidade quando ela que te é tão singular sorri um oi misto de rotina, simpatia e desimportância
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Memorando

domingo, 17 de maio de 2009


da época em que eu era jorginho e tinha três avós só na vila cardia
que quando acabava Chapolin tava na hora de ir pra escola
que se tomava refrigerante num saquinho com canudinho
que os outros me tomavam o balanço no parquinho
que eu chamava a professora de tia Josi
que eu assistia Tv Colosso
que feijão era peixe
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Meu refrão

sexta-feira, 15 de maio de 2009


Quem canta comigo, canta o meu refrão
Meu melhor amigo é meu violão.

Já chorei sentido de desilusão
Hoje estou crescido, já não choro não
Já brinquei de bola, já soltei balão
Mas tive que fugir da escola
Pra aprender essa lição

O refrão que eu faço é pra você saber
Que eu não vou dar braço pra ninguém torcer
Deixa de feitiço
Que eu não mudo não
Pois eu sou sem compromisso,
sem relógio e sem patrão


Nasci sem sorte
Moro num barraco
Mas meu santo é forte
O samba é meu fraco
Meu samba eu digo que é de coração

Quem canta comigo canta o meu refrão
Meu melhor amigo é meu violão
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Comedoria

quarta-feira, 6 de maio de 2009











__ Puts, não peguei refrigerante.
__ Oow, é verdade. Esses bolinhos seco de arroz sem refrigerante não dá
__ Quanto é o refrigerante?
__ Então, nem sei. Pra comerciário é mais barato. Quer dizer, a gente como estudante tá pagando como comerciário.
__ É, pra comerciário é como se não tivesse fins lucrativos. Mas ó: 2,50.
__ É, 2,50 é um fim lucrativo. Mas tem suquinho tbm ó.
__ Uhmm, mais alternativo né. Só que só tem 200 ml.
__ 200 ml pra essa carne com bolinho não é suficiente.
__ Pô, aquelas garrafinha de coca é 290 ml e não dá. Imagina 200ml de suquinho.
__ É, vai ter que ser latinha mesmo.
__ Então, mas refrigerante de latinha tem muito gás. Ce estufa e não come. E depois ce fica com fome, e a gente só vai comer de noite.
__ Só vamo comer de noite e sabe lá o que a gente vai comer né. Ontem eu ‘jantei’ dois danones.
__ Mas não tem jeito, tem que ser latinha.
__ A gente pode pegar as que não são gasosas.
__ Não, todas são. Não tem jeito.
__ É, mas a gente é da unesp comendo no sesc. A gente tem que dar o exemplo e no mínimo não pegar latinha de coca-cola né.
__ Mas ser alternativo e almoçar com guaraná antártica não é tão anti-imperialista assim.

__ Tsc, então vamos de Soda Limonada mesmo.
__ É. Segunda feira a gente começa nosso regime.
__ É, segunda feira a gente começa. Nosso regime socialista;
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Poeminha bunitinhu

sábado, 2 de maio de 2009




eu sou só um você
que você não quis
e querer é coisa tão pequena
que só não sou você por um triz


Marcelo Camelo


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sem tempo/cabeça/assunto pra postar coisas novas. eu era bem melhor;
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