Esses dias torcia eu com meus botões pra chegar logo o dia em que eu não vou mais precisar lembrar você de pôr gasolina naquele Bug amarelo, e olha que isso seria o mínimo que você deveria fazer, pelo bom andamento do nosso caso. Digamos que é uma questão de ordem garota.
Ora, o Bug é nosso, e mesmo que não dividamos o mesmo teto, relações bilaterais exigem cumplicidade. Faz duas semanas que sou eu quem olha pro maldito ponteiro da gasolina quase no vermelho. Aquele vermelho que me olha com cara de 'Danger, me abastece logo senão vou te deixar no meio da Duque de Caxias'.
Toda vez que eu vou te dar um puxão de orelha nesse sentido você me diz "aaah, abastece você." É o que sempre acaba acontecendo, mas ele, maldita, é nosso. O tal acordo de comunhão universal de bens, que a gente fez no guardanapo de uma loja de conveniência, também contempla paridade no que tange à abastecer o veículo, que é de usofruto da minha e da sua pessoa amnésica.
Você acha que o que cabe à você no lance é comprar iogurte, sucrilhos, pizza pronta da Sadia, deixar meu computador ligado. Nunca colocar de volta, nunca jogar seu resto de comida do prato, jamais lavar sua tijela de leite com sucrilhos, jamais desligar o computador como se deve. Dar partida no Bug com seus óculos escuros é quase holywoodiano, mas abastecer que é bom, nem me viu.
Quando a gente chega no supermercado, quem pega o carrinho é você, mas quem passa no caixa e ajuda o carinha a empacotar tudo aquilo sou eu. Qual foi? Que conversa é essa? Porque esse feminização das coisas boas do dia-dia?
E não adianta me dizer que eu fico engraçado de avental. A louça devia ser compartilhada, da mesma forma que a nossa conta bancária, da qual você sempre gasta 75% do que deveria ser só metade dela. Tudo bem que ela nunca passou de 60 reais. Mas mesmo que tenha lá seu charme o seu jeito de me entregar a chave e dizer "ó, acho tem que abastecer", e eu goste de ver sair da loja de conveniência com sacolinhas, porque tem de ser sempre eu que tenho que dizer "põe trinta de gasolina pra mim, amigô"?
Talvez a única coisa que você faça com muita propriedade é estourar pipoca de microondas. Eu não tenho nenhum problema em dividir ela contigo, mesmo que o filme seja sempre mais pro seu bom gosto do que pro meu. O seu bom gosto também é um bom gosto muito relativo. Quem em sã consciência só vê graça nos primeiros quinze minutos dos filmes? Isso devia ser objeto de estudos da Psicologia. Depois de quinze, vinte minutos você já não pára mais quieta, fica me lembrando de não te deixar esquecer de mil coisas sem importância, quer mudar de legendado pra dublado, aumenta e tira o zoom, que faniquito garota.
Mas tudo bem. O dia que eu não pôr o sal no tomate, fazendo chantagem pra você tomar coragem e passear com aquele cachorro que você insiste em chamar de seu, eu te conto que ele sempre faz xixi no seu chinelo e você nem sabe.
_______________________________
os outros 50% dessa comunhão parcial de bens em
http://filosofiaadeboteco.blogspot.com/
.
Par idade
terça-feira, 4 de novembro de 2008
rasurado pelo
Jorge Teixeira
às
16:55
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3 comentários:
eu gosto desses. ;*
emuxo
Gostei, gostei... O da Ree também ficou ótimo.
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