
Um dos choques que a gente tem quando entra no ensino superior é a relação com as palavras difíceis desse mundinho particular. Palavras como dicotomia, indissociabilidade e o tal do Paradigma. O Gilson que estuda comigo que adora essas verborragias, tipo condição 'sine qua non'. Paradigma foi uma das palavras que eu ouvi por um bom tempo sem saber do que se tratava, daí que pela frequência você vai imaginando o que aquilo quer dizer. Hoje a palavra que melhor traduz paradigma pra mim talvez seja modelo. Modelo interessante é o que a gente tem da divisão da vida. Minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. Cada um desses tem um significado próprio. Nossas metas são pautados neles, porém um paradigma pode ser quebrado a qualquer momento.
E eis o que eu queria dizer, a chuva é a maior quebradora de paradigmas que se pode ter no dia. Todo mundo fazendo da vida o que quiser dela, estudando, trabalhando, esperando o ônibus, fritando coxinha, tecendo no msn, pokeando no orkut, o diabo. E de repente, a chuva. Fodeu.
Tudo pára. Todo mundo corre, se esconde, o trânsito fica uma zona durante os primeiros minutos e depois ele pára também, pra chuva poder chover. As pessoas param na frente das lojas pra assistir a chuva. A chuva definitivamente quebra uns par de paradigmas.
Eu quebrei um também essa semana. Cheguei pra almoçar e dei de cara com um pratinho de mandiocas um tanto quanto albinas. Durante a refeição minha mãe me diz:
__ Não vai comer a mandioca?
__ Não, tá muito branca.
__ Deixa de ser bobo, aquelas que fica marronzinha é porque a gordura tá velha.
__ Mas fica muito mais gostosa.
__ Mas essa tá assim porque a gordura tá novinha.
__ Mas a mandioca queimadinha é mais gostosa!
Porra! E daí que a mandioca queimadinha é queimadinha porque a gordura tá velha? Ela fica muito mais gostosa que as mandiocas albinas que foram fritadas com gordura nova. Isto é, gostar da mandioca queimadinha é quebrar com o paradigma de que a gordura nova é a que deixa a mandioca mais gostosa. Ledo engano! (seja lá o que for ledo).
Outra paradigma ainda intocado é o uso do termo "barba por fazer". Quer dizer, ou você está com a barba feita ou está com a 'barba por fazer'. Então os barbudos estão eternamente com a 'barba por fazer'. Como se a barba estivesse esperando angustiosamente por uma lâmina afiada de gilette Mach 3. Dizer 'com a barba por fazer' é a mesma coisa que considerar a 'conquista do oeste' como um fato que estava no destino dos Estados Unidos. O Oeste sempre estave lá, esperando para ser conquistado, o que se mostraria uma tragédia pros one lirou tchu lirou tri lirou indians.
Ah, o paradigma da proteção integral a minha professora ainda não me deixou quebrar. E parece que vai chover de novo.
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1 comentários:
É a dialética do ter e ser...como diria Misael...mas a vdd é q a gente tem que quebrar com a idéia...seja ela qual for!
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