Um Óbvio Ululante

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A beleza é secundária, irrelevante e mesmo indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse anunciando, de mulher em mulher: Ser bonita não interessa. Seja interessante!



Nelson Rodrigues
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Lateralidade

sábado, 18 de outubro de 2008

Não tenho nada pra fazer, então vamo lá.
culpem a Flávia, foi ela quem sugeriu esse repente



Bauru vive momentos de tensão, talvez jamais vividos desde a morte de Ulisses Guimarães e José Serra (sim, o Serra é um defunto vocacional. Subiu a rodrigues de costas faz tempo). A tensão é por causa do segundo turno das eleições pra prefeito. Decidir-se-á quem vai subir a rampa da prefeitura e administrar essa cidade maravilhóoouza, como diria o hilariante radialista-pescador José Leme.
O pleito está entre Rodrigo Agostinho, vulgo Maicou Djéquisson do PMDB, que outrora pertencera ao PV, do seu quase desafeto Clodoaldo Gazzeta, e o Ilmo sr. Caio Coube, do PSDB, empresário multi bilherdário, suposto cherador de cocaína, que tem declarado um patrimônio modesto de 198 bilhões de libras esterlinas.
O Caio é burguês, do PSDB, formado na FGV, esperto, fez uma campanha milionária.
Agostinho é da rapaziada, por duas vezes o vereador mais votado, formado em Direito pela ITE, tem uma consciência ambiental maior que a do Chico Mendes.
O Caio é da direita. O Agostinho é mais de centro.
Eu voto no Agostinho porque não quero sentir o remorso de ter votado em gente tucana, mas sinceramente não espero dele um mandato meteórico. Da mesma forma que não imagino que o Caio será um verme completo, digamos que ele é um grande empresário, tem contatos, mas é uma questão de prioridade meu amigo. Caio Coube, Psdbista com tal não tem a menor vocação pro social, não vai dar bola alguma pra Educação nem pra Saúde. O Agostinho creio eu que vai permear melhor por esse espaço. Posso estar sendo bem ingênuo, enfim, tenho 19 anos de América Latina, não sou um visionário como o Duda Mendonça.
Hoje o Agostinho tá com 48% das intenções e o Caio com 40%, e a grande discussão se dá em seus respectivos vices. Estela é a caloteira e Clemente é o barão burocrata cunhado de Jad Zogheib, e que fodeu com a conta de água aqui de casa aliás. Tivesse uma chance, e meu pai diria que o Clemente é inconstitucional. Tudo pro meu pai é um absurdo e inconstitucional. Não me assustaria se meu progenitor disesse que o próprio penteado do Clemente Rezende é inconstitucional.
Esquerda e Direita a parte, não era nada disso que eu queria dizer. O fato é que todo mundo aqui em casa é devoto de São Pedro Tobias, o padroeiro dos tucanos. Mas de fato Pedro Tobias dá uma grande contribuição à região (me xinguem Pstuzistas), mesmo sendo do Psdb, o partido maldito.
Mas mano, eu, Jorge Cleber Teixeira Neves, 19, solteiro, heterossexual, proprietário de uma motocicleta Intruder que atende pelo codinome Sharon, professor da rede, vim ao mundo pelas mãos da direita! Não sei se vocês sabiam mas foi o Dr. Pedro Tobias que fez o meu parto. Ou o parto da minha mãe, sei lá. Quando eu saí, Pedrinho olhou pro meu bilau e pensou: Hohohohooooooo!
É bróder, minha coroa não tinha grana pra me fazer nascer na Unimed, nasci na Santa Isabel, num 4 de janeiro, terça feira cinzenta e chuvosa, às 9 da manhã, fui pra casa num fusquinha branco. A partir dai a galera aqui dos Teixeira Neves toda vota nele, porque de fato é um homem do povo. Amigo do Caio, do Serra, e do Alckmin. Eu voto nele na próxima eleição, mas não é por me ter feito vir ao mundo. Afinal, minha mãe deu uma forcinha também.

Mas não se enganem meus queridos lindos.
Eu vim ao mundo pela mão esquerda do deputado Pedro Tobias.
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e a luz desperdiçada de manhã

sexta-feira, 17 de outubro de 2008


Pensava ela no casamento,
eu no futebol.
Era dezembro, ainda me lembro o sol
O sol.

Pensava ela na alegria,
eu no feriado.
Ela dizia que esquecia, não acredito não.
ainda me lembro
era domingo.


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Ai se sêsse

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Zé Da Luz

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse

Mas porém acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse
Pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse
E as virgi toda fugisse
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Quebrar com a idéia

sábado, 4 de outubro de 2008



Um dos choques que a gente tem quando entra no ensino superior é a relação com as palavras difíceis desse mundinho particular. Palavras como dicotomia, indissociabilidade e o tal do Paradigma. O Gilson que estuda comigo que adora essas verborragias, tipo condição 'sine qua non'. Paradigma foi uma das palavras que eu ouvi por um bom tempo sem saber do que se tratava, daí que pela frequência você vai imaginando o que aquilo quer dizer. Hoje a palavra que melhor traduz paradigma pra mim talvez seja modelo. Modelo interessante é o que a gente tem da divisão da vida. Minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. Cada um desses tem um significado próprio. Nossas metas são pautados neles, porém um paradigma pode ser quebrado a qualquer momento.
E eis o que eu queria dizer, a chuva é a maior quebradora de paradigmas que se pode ter no dia. Todo mundo fazendo da vida o que quiser dela, estudando, trabalhando, esperando o ônibus, fritando coxinha, tecendo no msn, pokeando no orkut, o diabo. E de repente, a chuva. Fodeu.
Tudo pára. Todo mundo corre, se esconde, o trânsito fica uma zona durante os primeiros minutos e depois ele pára também, pra chuva poder chover. As pessoas param na frente das lojas pra assistir a chuva. A chuva definitivamente quebra uns par de paradigmas.
Eu quebrei um também essa semana. Cheguei pra almoçar e dei de cara com um pratinho de mandiocas um tanto quanto albinas. Durante a refeição minha mãe me diz:

__ Não vai comer a mandioca?
__ Não, tá muito branca.
__ Deixa de ser bobo, aquelas que fica marronzinha é porque a gordura tá velha.
__ Mas fica muito mais gostosa.
__ Mas essa tá assim porque a gordura tá novinha.
__ Mas a mandioca queimadinha é mais gostosa!

Porra! E daí que a mandioca queimadinha é queimadinha porque a gordura tá velha? Ela fica muito mais gostosa que as mandiocas albinas que foram fritadas com gordura nova. Isto é, gostar da mandioca queimadinha é quebrar com o paradigma de que a gordura nova é a que deixa a mandioca mais gostosa. Ledo engano! (seja lá o que for ledo).
Outra paradigma ainda intocado é o uso do termo "barba por fazer". Quer dizer, ou você está com a barba feita ou está com a 'barba por fazer'. Então os barbudos estão eternamente com a 'barba por fazer'. Como se a barba estivesse esperando angustiosamente por uma lâmina afiada de gilette Mach 3. Dizer 'com a barba por fazer' é a mesma coisa que considerar a 'conquista do oeste' como um fato que estava no destino dos Estados Unidos. O Oeste sempre estave lá, esperando para ser conquistado, o que se mostraria uma tragédia pros one lirou tchu lirou tri lirou indians.

Ah, o paradigma da proteção integral a minha professora ainda não me deixou quebrar. E parece que vai chover de novo.
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