Porra, não falei ainda do caso Isabela ainda!
Em recente conversa emiéssiênica, dizia eu à um amigo que faz tanto tempo que eu não assistia televisão que nem sabia do tal caso dos Nardoni lá. Daí ele disse que era mentira minha, porque o caso Isabela não saiu só na televisão, saiu no jornal, na revista, no panfleto, nos folders e nos outdoors! É bem verdade.
Do que se tratava o caso eu sabia e tal, mas a parte que fazia tempo que eu não dava bola pra um televisor, é verossímil (boa essa palavra eim). Esses dias nessa semana de feriado eu resolvi dá uma bizoiada no que se passava na TV, TV Cultura, afinal eu não sou cult só pra citar Shopenhauer, convenhamos (!). Aliás é bom esse nome também eim, só não gosto do jeito burocrático que se escreve. Se eu tivesse uma língua própria tipo o Policarpo Quaresma eu iria escrever Chôpenrrauer, Russô, Nit, Burdiê, Marcs, Fróid, etc. Então, daí eu resolvi assistir um negocim e tava passando o Opinião Nacional, uoooou, que inteligente eim!
Pauta do programa: a abordagem da mídia sobre o ‘caso Isabela’. [que saudade do Maníaco do Parque e do Bandido da luz vermelha. o Brasil nunca mais teve bons vilões desde o Chupa-cabra. Agora o bandido da vez tem curso superior, é de classe mérdia e tem cara de santista].
Então comecei a assistir o Opinião Nacional, mediado pelo Alexandre Machado, cuja pauta era o sensacionalismo da mídia sobre o referido crime, da mídia e dos jornalistas que são um verdadeiro bando de carcarás. E eis que avisto entre os quatro debatedores um de bonezinho branco: truco! Era ninguém menos que o colunista do suposto semanário pequeno-burguês conhecido pela alcunha de Revista Veja, Reinaldo Azevedo!
Impressionante como a abordagem dele e do Mainardi são tão parecidas. Os dois adoram citar Claude Levi Strauss, clássicos da literatura belga, etc. Então me deixem encurtar a história.
É bem sabido que, a revista Veja deixou há muito de ter independência editorial, se é ela a teve algum dia. A TV Cultura como TV pública, tem liberdade editorial, a Veja, sendo da editora Abril, não tem. [Aliás diz-se que o editor da Veja precisa ler mais sua própria revista] Não que a Veja tenha rabo preso, mas o projeto de Brasil que ela tem é de clara concepção liberal, super-poderes à livre iniciativa e afins. (sim, a burguesia não quer ver ninguém passando fome. Ela quer os pobres em seu devido lugar, mas de sapatinho no pé e de preferência tudo barrigudinho. Se ela precisa fazer alguma coisa pra isso acontecer é outra história)
Pois bem, dado que temos como inquilino do Palácio da Alvorada um ex-metalúrgico e sindicalista, a revista Veja já viveu dias mais tranqüilos. Não que o Lula por ser sindicalista seja algum revolucionário. Não mesmo, ele sempre teve o dom da negociação, da conciliação, da intermediação entre patrões e funcionários. Alguma alusão à colaboração de classes não é mera coincidência. Ele não foi um líder a favor da luta de classes, no máximo tem um ‘faitizinho’. Isso fica muito claro quando vemos no cenário político-econômico atual, banqueiros com a auto-estima elevadíssima e um MST anêmico, conformado. Lula nunca foi um Robin-Wood completo.
Voltemos à VEJA e seu fiel escudeiro Reinaldo Azevedo. Certa vez, Reinaldo escreveu em seu blog a seguinte coisa, não exatamente com essas palavras: ‘Antes a imprensa vigiava e investigava o governo. Hoje parte da imprensa investiga a Veja para não deixar ela investigar o governo.’
‘Parte da imprensa’ leia-se as revistas Carta Capital e Caros Amigos, as maiores representantes da esquerda chique no Brasil (Quão bom é saber que existem caras como Mino Carta e Luiz Nassif). Mas há um engodo na colocação de Reinaldo, porque segundo ele, a Revista que o emprega ‘investiga’ o governo. Todo mundo sabe que é muito além disso. A Revista Veja tem absoluta alergia de qualquer governo de esquerda, seja ele aqui, na Venezuela, no Oriente Médio ou no Sudeste Asiático. (Interessante notar a leitura que a Veja e a Carta Capital fazem do governo de Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, braço dos EUA na América do Sul. A Veja enxerga ele como um presidente sensato. A Carta Capital como mais um penteadinho com o rabo preso, tanto quanto Israel.)
Mesmo que Lula não seja tão esquerda quanto quer a ala progressista e nem tão ‘Democrata’ quanto querem os banqueiros, Veja faz muito mais que jornalismo investigativo, aquilo já é terrorismo. Com certeza vai sair nessa semana, na semana que vem, na outra e na outra, alguma coisa menosprezando seu governo e suas políticas públicas supostamente assistencialistas e eleitoreiras. Muito bem, isto posto, Reinaldo Azevedo sendo colunista da Veja, é o Anti-Lula, é o neoliberal travestido de intelectualmente capaz, é a pedra no sapato da esquerda, da de hoje, da de ontem, da esquerda da ditadura, e da de outubro de 1917.
E eis que durante o Opinião Nacional um alguém manda um e-mail com uma pergunta. Colocação essa que me pareceu tão fundamental quanto o ‘boa-noite’ de Alexandre Machado no começo do programa. O professor de filosofia da Unicamp falou sobre imaginário popular, o Promotor falou sobre os procedimentos investigativos, o outro sobre não sei quê, e toda aquela gente engravatada no horário nobre não tocou no cerne da pauta. O que o dono do e-mail disse foi o seguinte: “Já que hoje a notícia é tida como mercadoria, o que fazer para que os programas sensacionalistas e sangrentos não façam do crime um circo...”, ou qualquer coisa assim.
Imediata reação do cara de bonezinho branco: “É isso que me incomoda, essa coisa de verdade posta a priori: ‘já que, a notícia é mercadoria’. Quem falou que notícia é mercadoria? ....”
E falou mais um monte de merdas e termina seu raciocínio se contradizendo porca e absolutamente: “Os lugares onde a notícia não é mercadoria, que foi na União Soviética e é em Cuba hoje, a imprensa é aparelho de inculcação ideológica do Estado..”
Agora cá entre vocês e eu, porque cáguas dágua os telejornaizinhos fazem sensacionalismo com um crime tão grave? PORQUE DÁ AUDIÊNCIA E VENDE PRA CARALHO! Qual é o sabão Ypê que não quer aparecer numa ocasião de 45 pontos de Ibope? E quase que lavam a sua e a minha cabeça com essa história toda.
Aaa meu santo, é cada coisa que me acontece. Melhor ouvir essas coisas do que ter prejudicada a salubridade de meu pavilhão auditivo (!). O post ficou muito comprido, mas o amigo do Mainardi disse mais ladainha ainda. Escrevo sobre isso no próximo. Até breve, neste mesmo portal que se pretende subversivinho centro-esquerda.
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Do dia em que te deixar lá e vir embora era ‘o que eu menos queria’.
O Homem do boné branco.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
rasurado pelo
Jorge Teixeira
às
18:29
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2 comentários:
Boa noite, Jorge. Agrada-me muito ler o seu blog. Ele é bem realista e sensato, tal como o criador.
o POSTE ficou boníssimo. o que ainda não ficou claro é a última frase.
estaria o Jorge apaixonado por alguém que ainda pode usar Seda Teens, ou ele só deixou seu eu-lírico aflorar?!
pauta para a próxima postagem!
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