A diferença diferente

sábado, 18 de setembro de 2010

Eu às vezes fico puto com o Paulo Freire por esse seu lado Mário Quintana. Por essa coisa viajada que parece tender ao relativismo, como por exemplo quando ele diz que ninguém ensina nada a ninguém, aprendemos uns com os outros mediados pelo mundo. Porra, eu acho que a gente sempre aprende com o outro mesmo, mas quem ensina, ensina algo a alguém sim. Senão não precisaríamos de professor e já basta de banalização da função dele nessa pretensa Sociedade do Conhecimento. Porém o velhinho barbudo sabe o que diz e tem licença poética, ética e estética pra esses escolanovismos, afinal sua vida e obra em função do Oprimido supera qualquer aproximação com o Rubem Alves.
Esses dias atrás eu li uma frase do bom velhinho que não poderia definir melhor a dialética entre diversidade e desigualdade, que tem me perturbado desde que eu comecei estudar esse lance de direitos humanos.


Essa relação entre a tolerância e a desigualdade é deveras complicada. De um lado existem aqueles discursos maquiados de prafrentex, que fazem da tolerância um fetiche e tudo vira uma questão de diversidade, esquecendo que existem conflitos que são insuperáveis a não ser pela via da luta política. De outro lado existem os pretensamente críticos, que vêem na tolerância uma alienação, supondo que ela significa inércia, banalizando a questão do respeito à identidade do outro e esquecendo que a educação cumpre também um papel na formação em valores.
E é por colocações como estas que eu ainda tenho meus momentos freireanos:

“Eu me bato muito pela tolerância, que para mim é uma virtude, revolucionária até. É esta possibilidade de conviver com o diferente para poder brigar com o antagonista. O antagonista é diferente também, mas é um diferente diferente.” Paulo Freire