Bukowski

terça-feira, 27 de outubro de 2009


Conversa às três e meia da madrugada

às três e meia da madrugada
a porta se abre
e há passos na entrada
que trazem um corpo,
e uma batida
e você repousa a cerveja
e vai ver quem é. com os diabos, ela diz,
você não dorme nunca?
e ela entra
com o cabelo nos rolinhos
e num robe de seda
estampado de coelho e passarinho
e ela trouxe a sua própria garrafa
à qual você gloriosamente acrescenta
2 copos;
o marido, ela diz, está na Flórida
e a irmã manda dinheiro e vestidos para ela,
e ela tem estado procurando emprego
nos últimos 32 dias.
você diz a ela
que é um cambista de jóquei e
um compositor de jazz e canções românticas,
e depois de uns dois copos
ela não se preocupa com cobrir
as pernas
com a beira do robe
que está sempre caindo.
não são pernas nada feias,
na verdade são pernas ótimas,
e logo você está beijando uma
cabeça cheia de rolinhos,
e os coelhos estão começando a
piscar, e a Flórida é longe, e ela diz
que não somos realmente estranhos
porque ela tem me visto na entrada.
e finalmente
há muito pouca coisa
para dizer
.

Eu me amo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


Os álbuns do orkut tão virando uma puxação de saco ampla, geral e irrestrita. É a universalização do Narcisismo Social. Sim jovens, a pós-modernidade trouxe um fenômeno jamais visto no Olimpo: a vaidade agora é construída coletivamente.

A farsa dos álbuns cult agora se tornaram a farsa dos álbuns narcisistas, mas um álbum só ganha prestígio de fato se seus amigos aparecerem por lá dizendo “Nossa que linda!”, “Nossa que linda! [2]”, “Nossa que linda! [3]”, “Nossa que linda! [4]”.

Daí, você que além de narcisista é educada, aparece no álbum do seu amigo e diz o mesmo dele: “Meu, deixa de ser gato”, “Meu, deixa de ser gato [2]”, “Meu, deixa de ser gato [3]”, “Meu, deixa de ser gato[4]”, e assim se faz uma comunidade de narcisistas virtuais babando o ovo alheio e alimentando um círculo vicioso.

Umbigos do mundo, vão se fuder
.

Grifinória

domingo, 18 de outubro de 2009







Eu que tinha apenas 18 anos
Baixava a cabeça pra tudo
Não era assim que as coisas aconteciam
Mas era assim que eu via tudo acontecer

Tiê

sábado, 10 de outubro de 2009



Tiê véi.
Mais uma que como a Lulina faz um som manufaturado. Sem ter medo de pagar de crítico de arte com lenço no pescoço eu diria que a música da Tiê é mesmo minimalista, porque é. Começa pelo nome de passarinho da guria, e as músicas não têm mais que cinco acordes simples, as letras são bem intimistas e longe de ser clichê.
Comecei escutar essa neo Mpb fêmea com a Maria Rita, depois veio Adriana Calcanhoto, Céu, Mariana Aydar e agora a Tiê. Dessas aí a música da Maria Rita me parece a menos interessante hoje. Porém a Tiê se superou, porque o som dela é artesanal mermo, desses de acordar domingo, pegar o violão, sentar na cama e mandar um som pro Quinto Andar. Fora que a mina é linda sem precisar pagá de gostosona que nem a Maria Rita. Tiê no Sesc Bauru já!
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Boniteza gera boniteza

sábado, 3 de outubro de 2009

As pessoa deviam se preocupar mais com a catarse estética do que com seus objetos diretos. E mais com os objetos sem função, catársicos, do que com os objetos privados, seus ou dos outros. To começando a achar que a racionalidade xiita que inunda de tédio o mundo acadêmico capa qualquer possibilidade de boniteza estética. Nesse caso eu fico com aquele velhinho barbudo, que bem sabia teorizar sem perder a boniteza.

Nesses momentos de não-escolhas, pra quem não é maluco nem careta vale aquele verso do Mamelo: Aproveita que tá vivo e torna teu estágio no planeta produtivo
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